segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Colheita de Tamarindo!



A árvore me presenteou com frutos!
Fartura de sabor agridoce
que acorda memórias no paladar,
provocando reações salivantes.

Nestes dias observei as promessas floridas
de novos frutos.
A espera se faz gustativa,
acompanhando passo a passo
a transformação dos desejos da terra
em declarações frutíferas de amor.

domingo, 18 de novembro de 2007

Como quem copia


Copiei a imagem de um calendário.
Um detalhe aqui,
um traço ali resistiu,
impôs a sua vontade.
Minha mãe ao vê-lo, lacrimejou saudades.
Viu o retrato de meu avô!
Esse olhar me acompanha
desde então.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ga bi ro bas!


 
Frutas do cerrado!
Sabores desvendados por sabedorias interioranas.
Não há prateleiras que as sustentem nos supermercados.
Frutas de pobres,
Alegram a avidez de sabores inusitados.
Descerram milagres da natureza.
 



Frutas pra que as quero?


Deliciar o meu olhar,
apurar o meu olfato,
aguçar meu paladar!
Há fome que não é saciada,
é degustada...

Sou eu!


As marcas e o que não marcou,
o fixo e o que não se fixou,
a aparência e o que não se vê.
Altos e baixos, esse relevo sou eu.
Que traços a vida me deu?
Heranças que desconheço,
ancestralidades adivinhadas,
composições inéditas e previstas,
traços adquiridos e forjados,
Obra inacabada!





terça-feira, 23 de outubro de 2007

Djembe!


Instrumento de percursão. 

Próprio da região da Guiné, Burkina Faso, Costa do Marfim e de Senegal.
É um instrumento antigo, mas até hoje tem grande importância nas culturas africanas.
Tem um lindo som que varia conforme o local onde se bate com as mãos.
Próximo ao centro o som é vibrante e grave. Perto da borda o som é mais agudo.
O instrumento tem a forma de cálice e quem o toca o acomoda entre as pernas.
O Grupo Conexão Tribal African Beat é um grupo que tem o domínio desse instrumento.
Suas apresentações são envolventes e vibrantes.
Mamour Ba é o grande mestre desse grupo. É um senegalês que vive no Brasil há mais de 20 anos.
Ouça o djembe, suas batidas soam no ritmo do corpo, trazem memórias ancestrais...

sábado, 13 de outubro de 2007

Queimadas!



Chamas e fumaça,
A dor da natureza dói
Na minha respiração,
Provoca engarrafamento no meu pulmão...
Bate aflita às portas do meu coração.
Bastam 110 Km da quarta capital...
Para sabedorias ancestrais acordarem:
O mundo acabará em fogo!
O que arde diante dos olhos
é vida, vidas... Vita Brevis!

sábado, 6 de outubro de 2007

Sá rainha mandou me chamar.


 

"Sá rainha mandou me chamar
Pra que que será, pra que que será?
Sá rainha mandou me chamar..."

Pra cantar louvores,
Pra espargir cores,
Pra dançar dores,
Pra resgatar memórias,
Pra celebrar resistências e vitórias,
Pra falar de amores,
Dizer dos beijos doces
Que a boca guarda
E a companheira colhe...

Terra Pensante...


Somos a terra pensante!
De seu útero escondido viemos,
A seus braços a espera de abraços,
Retornaremos para o aconchego final!

Dela nutrimos, usufruimos e fruimos!
Nela somos eternos enquanto formos Terra.
Nosso desatino a destrói!
Sui-ci-da-mos!

domingo, 30 de setembro de 2007

Caminhos...

 
Caminhante
De caminhos que se fazem ao caminhar,
Levando bagagem, mesmo sem lenço e sem documento,
Nada no bolso ou nas mãos.

Assim os africanos escravizados
Chegaram...
Não há grilhões que prendam as palavras,
A arte, a vontade, a organização.
Criaram, plantaram, fizeram esta nação!
Negar africanidades?
Raízes nos prendem neste chão.




quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Da janela extrema do meu quarto de dormir...



Vejo casas que se sobrepõem ao verde que eu via,
Tudo enquadrado,
A maioria do povo brasileiro reúne seus sonhos todos em caixinhas assim.
E a chamam moradia!
Comemora-se a Independência,
mas as pendências com esse povo continuam.
Até quando vamos desfilar aparatos nas avenidas,
E o povo...
Esse verá desfilar sonhos guardados nessas caixinhas
quando a chuva cair.

E os jornais estamparão manchetes de doações...
O povo?
Continua a insistir, resistir...
E pra não chorar...
Rir!!!








sábado, 25 de agosto de 2007

Tesouros de criança esquecidos no chão!


 

Um papel amarelado perdido,
um pedaço de carvão.
Marcas no chão.
Sinais nas árvores.
Está pronto um cardápio para a imaginação.
Um menininho embarca num navio pirata,
Pendurado num galho grita: "Terra à vista!"
Observa, descobre
tesouros, pedras preciosas...
até espadas!
O adulto enxerga cascalhos, ossos...
Mas ali estão tesouros de criança esquecidos no chão!





terça-feira, 21 de agosto de 2007

Onde você guarda seu racismo?


Onde você guarda seu racismo?
Na hipocrisia da democracia racial?
Na mentalidade imobilizada do tempo da escravidão?
Nas programações de TV que me escondem?
Nos espaços urbanos que me segregam?
Nos empregos e cargos nobres onde não estou?
Na escola que me nega a cultura da raça que me forjou?
Na religião que sempre foi perseguida?
No olhar que me vê anti-social, marginal...?
Onde você guarda seu racismo?
Me diz!
Que preciso saber
A estratégia de luta pra me manter nesse mundo
conquistando direitos e garantindo a vida!

Beleza Miúda!



Beleza miúda de sede,
Água escassa,
Chuva nenhuma,
Só um céu azul como manto,
E o reflexo se tornando flor
Na sequidão.
Que segredos esconde esse chão?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Pa(i)terno!

 
Pai é a firmeza de um braço que apoia a vida que gerou para que o mundo seja cada vez mais fraterno e justo.
Ser pai é acreditar no filho como o pai do filme "Diamantes de Sangue", o filho é bom mesmo que tenha sido induzido a matar. Assumir a paternidade é cuidar, dar carinho, atenção... 
Contar histórias, sonhar com futuros.
Ouvir os medos e as angustias do filho com braço firme, ombro disponível.
Ensinar que ser homem é antes acolher e não  agredir, criar laços e não divisões.
Paternidade é esse pai que adivinha eternidade ao olhar a vida de seu filho.
 

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Transgressão


 

Tempo seco, tão seco que a poeira empoleira em tudo que encontra.
As folhas
das árvores mudam de cor.
O ipê pra se livrar deste destino, se de
spe.
Galhos pelados dão a impressão de que secou ou morreu.
Mas
alguns dias depois os olhos não resistem.
É um
a só sedução! Inteiro o ipê se veste de flores.
Em tempos de infertilidade, secura e desmotivação, ele tira segredos das profundezas e deslumbra eroticamente todos os olhos nas paisagens mineiras.


domingo, 5 de agosto de 2007

sábado, 4 de agosto de 2007

Moço, eu...

Ousei criar...
Fazer o quê?
Ousar está em nosso destino.
Esse querer que não se contém até spicular.
Eis o fim que deu.
Esse blog à disposição!
Sirva-se, ou melhor,
spicule!!!

Quem sabe de spicular o mundo fique diferente?


Presentes!

Presentes!
Presente no meu aniversário!

O que poetizam... (pra mim e de mim)

Poema

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.

O dia vai morrer aberto em mim.

(Manoel de Barros)



E X A U S T O


Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.

(Adélia Prado)

Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel

Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.


One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.

(Elizabeth Bishop)

Die Liebenden
Friedrich Hölderlin

Trennen wollten wir uns? wähnten es gut und klug?
Da wirs taten, warum schröckte, wie Mord, die Tat?
Ach! wir kennen uns wenig,
Denn es waltet ein Gott in uns.


Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"