domingo, 27 de julho de 2008

Quando as cercas caírem no chão...

Quando as cercas caírem no chão...
Os morros serão mais acolhedores,
Embalarão mais amores,
Produzirão mais flores,
alimentos e cidadãos.
Quando as cercas caírem,
o latifúndio será história,
as lutas memórias,
E o povo mais irmão.
Quando caírem as cercas,
Todos herdarão a terra,
como prevê a profecia.
"Vai ser tão bonito se ouvir a canção,
Cantada de novo,
No olhar do homem
A certeza do irmão,
Reinado do povo..."

Água na fonte!!!

Nada como encontrar uma fonte nos descaminhos desse viver,
no ir e vir que escolhemos!

domingo, 13 de julho de 2008

Presente!


Presente é tudo que mesmo na ausência
se faz presente.
Lembra, recorda e traz alegres momentos vividos
pro momento de deslumbramento.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Con tras tes!


Contraste
A cor da pele,
o tamaninho,
a delicadeza da mãozinha.
As dobrinhas que diz do tempo neste mundo...
Ou será o apoio,
a confiança,
a suave idade...
O colo que acolhe de quem é vivido e
aquela que descobre as belezas e delícias
de ser o que é:
um bebê!

sábado, 5 de julho de 2008

Meu pai!

Vivi a ternura da infância
em cima de seus ombros,
mesmo que ameaças não houvesse pra me empoleirar sobre eles.
Conheci o mundo que me cercava com a mão no bolso de seu paletó,
sentindo o isqueiro e o canivete guardados ali.
Viajei, em sua companhia, de trem de ferro pra capital de Minas e pro Rio do Cristo Redentor.
Presenciei o cuidado e a indignação irada,
Aprendi a gostar da cor azul e
a esperar a magia que tornava fumo de rolo
em saborosas balas.
Herdei sua sisudez, seu humor irônico.
Abominei seu ciúmes irracionais e
a sua estupidez.
Ainda assim,
Ensinou-me a escrever cartas...
Deixou-me a paixão por canetas tinteiro.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Desc Arte!

A mesa, herança, memória paterna estampada ali.
Os bancos, peças descartadas de um parque infantil...
Um toque de arte e os bancos prometem novas memórias
de quem partilha o pão e a palavra ao redor dessa mesa.

Encontro

Aqui só está Ceará e Minas,
mas tinha gente de todo o Brasil.
Pensando, repensando, lendo, refletindo, escrevendo...
as cores do Brasil,
a cultura desse povo.
A identidade silenciada, invibilizada quer ser revogada.

Cacho - eira...

Cachoeira.
Esse nome me encantava na infância.
Cacho dos meus cabelos,
Eira da expressão que meu pai usava,
"É um sujeito sem eira nem beira..."
Nunca entendi essa expressão.
Mas a cachoeira me encantava,
fascinava, chamava.
Quase me afoguei nessa admiração!
Sem eira nem beira, muitos anos depois,
entendi o significado.
E olha,
Nem chega aos pés da cachoeira a explicação dessa expressão!
Fascina-me ainda a cachoeira,
Cachoeira frequentada por gente sem eira nem beira,
ás vezes é a única diversão onde não há mar,
que iguala as diferenças sociais.


38 anos!

Arara!
A convivência de 38 anos com humanos
a fizeram esquizofrênica.
Quer falar como gente,
comer comida de gente,
estabelecer contato com gente...
Coitada!
Perdeu o melhor da vida.
Não viveu!

Com domínio.

Do outro lado a cidade ignora
o conforto de um cidadão com domínio econômico!

Neblinoso!

O sol teima, quer aparecer.
A neblina tênue insiste em escondê-lo.
Será ciúmes do brilho dele?
Disputa de posição ou quer chamar a atenção?
Neblinas de inverno em Minas
Se estendem como um colchão vaporoso,
E sol tão preguiçoso,
busca descanso nessa maciez.
Só mais tarde, bem mais tarde
Lembra-se de aquecer os viventes.
E esquenta furiosamente o dia.
Até a tarde chegar
e o sol se esconder nesses abraços de fofura,
assim permanecer neblinoso!

Presentes!

Presentes!
Presente no meu aniversário!

O que poetizam... (pra mim e de mim)

Poema

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.

O dia vai morrer aberto em mim.

(Manoel de Barros)



E X A U S T O


Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.

(Adélia Prado)

Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel

Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.


One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.

(Elizabeth Bishop)

Die Liebenden
Friedrich Hölderlin

Trennen wollten wir uns? wähnten es gut und klug?
Da wirs taten, warum schröckte, wie Mord, die Tat?
Ach! wir kennen uns wenig,
Denn es waltet ein Gott in uns.


Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"