sexta-feira, 23 de maio de 2008

Meu ipê

Apanhei a semente e
adivinhei uma árvore cheia de flores amarelas.
Plantei-a, cuidei da germinação,
Troquei o vaso pois o crescimento o exigia.
Não mais contendo-se nos espaços
que lhe proporcionava,
plantei-a em frente a casa.
Observei seu expandir,
Outros olhos também acompanhavam
seu tronco engrossar, sua vocação
espalhar galhos, cobrir de folhas verdes.
Defenderam-na das sanhas de mãos quebradeiras.
Hoje, encorpada, folhosa,
Vestida de verde...
Aguardo seu presente de flores amarelas.
Ela resiste a meu apelo.
Eu insisto em acreditar!

domingo, 18 de maio de 2008

Saber de vida feito!

Aprendizado de vida, para a vida
se faz sob o olhar atento do pai.
Nessa paternura os caminhos ficam
mais leves...
Assim se pode entender
Deus como pai!

Festa Congado Os Ciriacos maio 08

Em festa de congado não falta dança, canto, oração e mesa farta partilhada com todos que chegam.


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Galinha d'angola


Na mitologia afro, ela é importante na criação do mundo.
Acho-as lindas com sua roupa pintadinha!
Não podendo criar mundos, em minha casa,
coloquei-as segurando as portas.
E elas cumprem encantadoramente a função.

Balões e cabelo branco

As cãs do João diante do colorido dos balões
Prateiam a noite enfeitada ao longe com as luzes
de Contagem.
A festa é empolgação, uns cantam outros
se refastelam da abastança.

Enfim a festa!

Mais de meio século
Enfim a festa!
Nesse dia Margarida não foi pro fogão,
Não se preocupou se havia gente pra ser servido.
Curtiu bolo, balões e alegria.
Tudo era festa pra Mulher Maravilha!
A neta de seis anos que parecem dez
curtiu a mesma euforia.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Diálogo Regional

Ouvir e dizer de sonhos, desejos
que querem se tornar realidade.
A realidade de um mundo justo, igual e acolhedor
para todos.
Isso só pode ser gestado em comunidade.
Todos fazendo acontecer o que vai ser.

domingo, 11 de maio de 2008

sábado, 3 de maio de 2008

Construir prédios/castelos!

Construir prédios/castelos
É a coisa mais simples.
De embalagens de suco vazias,
Com um pouco de fantasia,
Papel, tesoura e cola...
(Tem que ter disposição.)
Pra empilhar as embalagens,
cortar janelas e portas.
Passar cola no papel,
Até criar casca na mão.
Escorrega uma janelinha,
a porta não quer parar.
Mas entretanto... insiste.
Depois de tudo no lugar...
Faltou antena da Sky.
O canudinho é a solução,
pra essa tecnologia da informação.
Tudo bem equilibrado.
Só falta o Abracadabra.
E a gente vai morar lá.
(No meu tempo de criança,
fazia casa com chaminé.
Não precisava mágica.
A casa era onde eu vivia.)



Presentes!

Presentes!
Presente no meu aniversário!

O que poetizam... (pra mim e de mim)

Poema

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.

O dia vai morrer aberto em mim.

(Manoel de Barros)



E X A U S T O


Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.

(Adélia Prado)

Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel

Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.


One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.

(Elizabeth Bishop)

Die Liebenden
Friedrich Hölderlin

Trennen wollten wir uns? wähnten es gut und klug?
Da wirs taten, warum schröckte, wie Mord, die Tat?
Ach! wir kennen uns wenig,
Denn es waltet ein Gott in uns.


Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"