terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Entre nuvens!





























De um lado as nuvens se juntam em ameaça,
Do outro o sol busca espaço...
A casa fica entre as duas,
A espera da decisão.

Mas é verão,
Afinal, é tempo da chuva,
nessas bandas das Gerais!

Aquecendo recordações.















A chuva que persistia dias e dias.
Enxurradas levavam os barquinhos de papel
para longe do pensamento.
Os espaços se encurtavam...
As diversões ficavam sossegadas,
num bordado, numa roupa de boneca, num trançado de sacola...
Um livro driblava a chuva.
Mas o rio enchia, ameaçava...
As águas subiam e lambiam os degraus da escada da cozinha.
O fogão ardia, aquecia o ambiente...
ensolarava o dia.
Preenchia o frio e o vazio da vida sem espaço.
Dele saltavam guloseimas: biscoitos, broas...
Café com leite ou queimadinho...
Não tinha nuvens que ameaçassem,
que aquele fogão à lenha não enfrentasse com valentia.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A espera




















Toda espera é longa.
Mesmo que o tempo de espera sejam minutos...
Na mesa a certeza,
De que a festa haverá pra as necessidades do corpo
que cresce.

VelANDO
















Por quimeras sem demora,
ando agora velando o dia,
a noite, o vazio que em mim faz enchente.

Essas águas são tantas
escondem redemoinhos de emoções,
corredeiras brincam em suas entranhas.
Estranhas. Convidam.
Mergulhos impensáveis me esperam.
nessas águas velejando vou,
velando estou meus dias navegando a esmo...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Por que é Natal















 

Há um menino nascendo longe das vitrines,
pedindo espaço nos braços e abraços da humanidade...
A acolhida desse menino é esperança no futuro,
é ter fé na vida, no ser humano...

Estender os braços,
Basta o gesto pro mundo ser justo, fraterno e igual.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Segredando

















A vida acontece em tubulares encontros secretos,
No aconchego de um recanto recôndito,
e se mostra exuberante aos olhos,
aos abraços exarcerbando os sentidos
nesse cuidado de existir!

Partilha...

Partilhando o espaço
no compasso de koinonia feito,
confabulando novos esquemas mentais,
para o mundo ser uma Fazenda dos Marrecos para todos.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Qual é a face?

Tantas vezes vi outro rosto estampado nos murais da escola.
Tantas vezes estive invisível nos espaços sociais...
Quantos nomes nomearam a cor da minha pele!
Que valores disseminaram sobre mim?
Olho e não me vejo...
Procuro e não me encontro.
Quanto tempo tem pra enxergar o que vê de mim,
para perceber a contribuição que trouxe pra você,
as regalias que lhe proporcionei.
E deixar que eu viva...
No mundo que ajudei a construir?



Presentes!

Presentes!
Presente no meu aniversário!

O que poetizam... (pra mim e de mim)

Poema

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.

O dia vai morrer aberto em mim.

(Manoel de Barros)



E X A U S T O


Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.

(Adélia Prado)

Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel

Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.


One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.

(Elizabeth Bishop)

Die Liebenden
Friedrich Hölderlin

Trennen wollten wir uns? wähnten es gut und klug?
Da wirs taten, warum schröckte, wie Mord, die Tat?
Ach! wir kennen uns wenig,
Denn es waltet ein Gott in uns.


Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"