Spicula, termo usado por uma mulher diplomada na sabedoria da vida e que influenciou radicalmente o meu modo de ver e encarar o mundo, a vida e as pessoas.
sábado, 25 de agosto de 2007
Tesouros de criança esquecidos no chão!
Um papel amarelado perdido,
um pedaço de carvão.
Marcas no chão.
Sinais nas árvores.
Está pronto um cardápio para a imaginação.
Um menininho embarca num navio pirata,
Pendurado num galho grita: "Terra à vista!"
Observa, descobre
tesouros, pedras preciosas...
até espadas!
O adulto enxerga cascalhos, ossos...
Mas ali estão tesouros de criança esquecidos no chão!
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Onde você guarda seu racismo?
Onde você guarda seu racismo?
Na hipocrisia da democracia racial?
Na mentalidade imobilizada do tempo da escravidão?
Nas programações de TV que me escondem?
Nos espaços urbanos que me segregam?
Nos empregos e cargos nobres onde não estou?
Na escola que me nega a cultura da raça que me forjou?
Na religião que sempre foi perseguida?
No olhar que me vê anti-social, marginal...?
Onde você guarda seu racismo?
Me diz!
Que preciso saber
A estratégia de luta pra me manter nesse mundo
conquistando direitos e garantindo a vida!
Beleza Miúda!
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Pa(i)terno!
Pai é a firmeza de um braço que apoia a vida que gerou para que o mundo seja cada vez mais fraterno e justo.
Ser pai é acreditar no filho como o pai do filme "Diamantes de Sangue", o filho é bom mesmo que tenha sido induzido a matar. Assumir a paternidade é cuidar, dar carinho, atenção...
Contar histórias, sonhar com futuros.
Ouvir os medos e as angustias do filho com braço firme, ombro disponível.
Ensinar que ser homem é antes acolher e não agredir, criar laços e não divisões.
Paternidade é esse pai que adivinha eternidade ao olhar a vida de seu filho.
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Transgressão
Tempo seco, tão seco que a poeira empoleira em tudo que encontra.
As folhas das árvores mudam de cor.
O ipê pra se livrar deste destino, se despe.
Galhos pelados dão a impressão de que secou ou morreu.
Mas alguns dias depois os olhos não resistem.
É uma só sedução! Inteiro o ipê se veste de flores.
Em tempos de infertilidade, secura e desmotivação, ele tira segredos das profundezas e deslumbra eroticamente todos os olhos nas paisagens mineiras.
domingo, 5 de agosto de 2007
sábado, 4 de agosto de 2007
Moço, eu...
Ousei criar...
Fazer o quê?
Ousar está em nosso destino.
Esse querer que não se contém até spicular.
Eis o fim que deu.
Esse blog à disposição!
Sirva-se, ou melhor,
spicule!!!
Quem sabe de spicular o mundo fique diferente?
Fazer o quê?
Ousar está em nosso destino.
Esse querer que não se contém até spicular.
Eis o fim que deu.
Esse blog à disposição!
Sirva-se, ou melhor,
spicule!!!
Quem sabe de spicular o mundo fique diferente?
Presentes!
O que poetizam... (pra mim e de mim)
Poema
Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.
O dia vai morrer aberto em mim.
(Manoel de Barros)
E X A U S T O
Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.
(Adélia Prado)
Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel
Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.
One Art
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.
(Elizabeth Bishop)
Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.
O dia vai morrer aberto em mim.
(Manoel de Barros)
E X A U S T O
Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.
(Adélia Prado)
Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel
Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.
One Art
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.
(Elizabeth Bishop)
Die Liebenden
Friedrich Hölderlin
Trennen wollten wir uns? wähnten es gut und klug?
Da wirs taten, warum schröckte, wie Mord, die Tat?
Ach! wir kennen uns wenig,
Denn es waltet ein Gott in uns.
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"