Vende-se Casa.
Vende-se casa
Do tempo da última visita do cometa Halley.
Onde se ouviu “Alexandre e outros heróis”
iluminado por lampiões e estrelas.
Prendeu-se Bicho papão em armário.
Ofereceu-se criança pra lua criar
(Devolvida depois pela própria lua!)
Ralou-se gelo pra fazer água em pó.
Até vulcão nela fez erupção num trabalho escolar.
Vende-se casa.
Construída no caminho do vento.
Onde ele canta e dança indignado sempre
seu caminho desviado.
Firme em sua base
Não apenas de pedra e cimento,
mas de muito sonho e sentimento.
Mãos amigas ajudaram plantar esse sonho no chão!
Vende-se casa.
Que tem ipê anunciando a primavera
E quaresmeira florida em janeiro.
Buganvílias colorindo o muro o ano inteiro.
E roseira emoldurada pela janela.
Capuchinha enfeitando a entrada.
Dos que chegam e dos que se vão.
Vende-se casa.
Aberta a imaginação.
A/os amigos/as e aos que virão...
Rodeada de bons vizinhos,
Essa casa parece ter coração.
O sol a visita e aquece,
a lua enfeita suas noites
no inverno, primavera, outono e verão.
Vende-se casa.
Que sabe a romã, jambo e pitanga,
Jabuticaba, acerola e tamarindo.
Cana, graviola e manga.
E promessa de uvas.
Parreira de chuchu,
Ora-pro-nóbis, pés de couve...
Além de cheiros verdes!
Vende-se casa.
Onde infâncias fizeram morada.
E a idade apreciada na sua sucessão,
Abriu-se pra festas e folia (de reis)
Na celebração da vida e na alegria da comunhão.
De paredes firmes e protetoras
Da chuva, do vento e medos,
decepções, anseios...
Que aconchegou sussurros, segredos e oração.
Com espaço pra outras idealizações...
Vende-se casa.
Em bom estado de conservação.
De muitos sonhos inacabada
Com muito espaço de acolhida.
Esperando novos projetos,
Pois a vida se eterniza todo dia
Com novos risos e alegrias!
Se acaso lhe interessar possa,
Estamos abertos a negociação.
Madu Galdino 30/09/2012