Apanhei a semente e
adivinhei uma árvore cheia de flores amarelas.
Plantei-a, cuidei da germinação,
Troquei o vaso pois o crescimento o exigia.
Não mais contendo-se nos espaços
que lhe proporcionava,
plantei-a em frente a casa.
Observei seu expandir,
Outros olhos também acompanhavam
seu tronco engrossar, sua vocação
espalhar galhos, cobrir de folhas verdes.
Defenderam-na das sanhas de mãos quebradeiras.
Hoje, encorpada, folhosa,
Vestida de verde...
Aguardo seu presente de flores amarelas.
Ela resiste a meu apelo.
Eu insisto em acreditar!
Spicula, termo usado por uma mulher diplomada na sabedoria da vida e que influenciou radicalmente o meu modo de ver e encarar o mundo, a vida e as pessoas.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Presentes!
O que poetizam... (pra mim e de mim)
Poema
Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.
O dia vai morrer aberto em mim.
(Manoel de Barros)
E X A U S T O
Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.
(Adélia Prado)
Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel
Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.
One Art
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.
(Elizabeth Bishop)
Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.
O dia vai morrer aberto em mim.
(Manoel de Barros)
E X A U S T O
Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.
(Adélia Prado)
Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel
Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.
One Art
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.
(Elizabeth Bishop)
Die Liebenden
Friedrich Hölderlin
Trennen wollten wir uns? wähnten es gut und klug?
Da wirs taten, warum schröckte, wie Mord, die Tat?
Ach! wir kennen uns wenig,
Denn es waltet ein Gott in uns.
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
2 comentários:
Querida Madu,
de quem é o poema "os amantes ", que vc citou no alemão. Soa como Goethe.. ?
Abraços
Ursula
se desprenda do seu desejo e
e logo ela soltara
as suas
amarras, ou melhor as suas folhas
e flores........
com carinho
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