O Pássaro e a Flor
Surpreendeu-me ver aquela flor solitária ali.
São as cores vivas das pétalas sedosas que a gente ganha sanha de querer ter.
É preciso ter uma flor nascendo, crescendo na aridez do coração para evitar a tentação de sair por aí podando sonhos.
A transparência do orvalho (oculta) a vida secreta da flor.
Por isso a flor tem cálice...
O colo – cálice da flor acolhe o orvalho num longo aconchego.
E ele vira segredo dentro da flor.
Liberdade de pássaro é ir e vir, nunca ficar.
Os olhos do pássaro perderam-se naquele mistério.
Presenteou-o um perfume embriagador.
(A brisa mensageira levou-o.)
Bateu descompassado, ficou coração desajuizado no compasso do coração da flor.
Sentiu a alquimia...
Flutuavam os olhos alados intensidade e cor.
Não sei se foi pra celebrar a harmonia das diferenças...
... que os dois se aproximaram
cada um adivinhando o desejo que o outro escondia.
E o pássaro beijou a flor.
E a história se repete no beijo que o beija-flor dá em cada flor.
Autora: Maria do Carmo Barbosa Galdino
Madu Galdino